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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Moção em defesa dos Artistas de rua

O plenário do CNPC aprovou essa moção:

O Conselho Nacional de Politica de Cultural, reunido em sua XI reunião ordinária vem apoiar os artistas de rua, reconhecendo a importância dos herdeiros dos antigos saltimbancos que enchem de sons e alegria às ruas e praças de cidades por todo o mundo. Este segmento vem sendo vítima de proibições e restrições da realização de manifestações artísticas em espaços públicos em diversas cidades brasileiras. O artigo 5 da Constituição Brasileira garante a livre expressão artística, no entanto alguns municípios estão tratando os artistas como comerciantes ilegais ou equiparando-os aos mega-espetáculos que são realizados em áreas públicas para multidões. A passagem do chapéu é uma manifestação milenar que cria um vínculo entre artistas e público que não pode ser tratada como uma relação de comércio ou similares. As artes nas ruas e praças contribuem para que a relação dos cidadãos e sua cidade sejam mais afetivas, emotivas e solidária.

País da Ignorância






EXCELENTE ATUAÇÃO DA POLICIA MILITAR E SOBRE O COMANDO DO PREFEITO KASSAB! PARABÉNS!!! VEJA ESTE MARGINAL FORTEMENTE ARMADO COM UMA GUITARRA STRATOCASTER EQUIPADA COM UM HUMBUCKER E DOIS SINGLES, E UM MINI AMPLIFICADOR DE 10 WATTS DE POTÊNCIA!! ELE ANDAVA PELA AVENIDA PAULISTA ESPALHANDO CULTURA E BOA MÚSICA, CENTENAS DE PESSOAS FORAM OBRIGADAS A ABRIR UM SORRISO MEDIANTE AS NOTAS MUSICAIS E EXPRESSÕES PRATICADAS POR ESTE VERDADEIRO MELIANTE! MAS A POLÍCIA AGIU RAPIDAMENTE E COM MUITA PERÍCIA. DERAM UMA RESPOSTA RÁPIDA A SOCIEDADE! COM UM GOLPE CERTEIRO E SEM DISPARAR NENHUM TIRO A NOSSA EFICIENTE POLICIA CONSEGUIU IMOBILIZAR E DESARMAR ESTA VERDADEIRA AMEAÇA QUE RONDAVA AS RUAS DE SÃO PAULO. EU ACHO QUE OS POLICIAIS E O PREFEITO KASSAB DEVERIAM SER HOMENAGEADOS POR ESSA EFICIÊNCIA TODA! E GOSTARIA QUE VOCÊS LEITORES DO BLOG CULTURA PARALELA DIVULGASSEM E SE MANIFESTASSEM SUA OPINIÃO SOBRE ESSA IGNORÂNCIA DO PREFEITO KASSAB.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Artista de Novo Horizonte Participa do Festival de Piadas do TOM





O Artista novorizontino Marcos Gricha foi selecionado entre ,aproximadamente, 6 mil humoristas do Brasil inteiro para participar do Festival de Piadas apresentado pelo humorista Tom Cavalcante,na rede Record.Marcos foi selecionado em São José do Rio Preto,onde concorreu com muitos artistas da região e apenas dois passaram na seleção do estado de São Paulo.Foram no total oito participantes dos estados de Ceará,Rio de janeiro,Minas Gerais,Pernambuco e Mato Grosso do Sul.A gravação com a participação de Marcos ocorreu na segunda feira passada,dia 22,nos estúdios da Record em São Paulo e irá ao ar dia 1º de Janeiro de 2011,na virada do Ano.
Segundo Marcos a experiência foi extraordinária:” O Tom acolheu a nós todos com muito carinho e generosidade.Deu dicas,contou sobre sua trajetória e as dificuldades pelas quais passou.Isso me mostrou que estou no caminho certo e que nós artistas,não precisamos de favores e sim oportunidades como as que o Tom está dando a tantos talentos escondidos por este Brasil a fora.Agradeço imensamente ao Tom e sua equipe de produção”,completou.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Biografia: Caetano Veloso




Grande cantor e compositor brasileiro, referência dentro da música popular brasileira, nascido em 1942, no interior baiano. Caetano já contribuiu muito para o cenário musical brasileiro, sendo ele um dos precurssores do movimento Tropicalista.

Junto de Gal Costa, em 1967, lança seu primeiro LP intitulado “Domingo”. No mesmo ano, lança seu primeiro álbum solo, auto-intitulado, com os sucessos “Alegria, alegria”, “Tropicália” e “Soy loco por ti, America”. Sua carreira no Brasil é interrompida por um tempo em 1969, quando foi exilado na Inglaterra, mas continuou compondo e fazendo apresentações na terra estrangeira.

Volta ao Brasil em 1972, e grava um LP com Chico Buarque. Em 1976, cria o grupo “Doces Bárbaros”, junto de Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, sua irmã. Na década de 80, lançou os discos "Outras Palavras", "Cores, Nomes", "Uns" e "Velô". Iniciou a década de 90 lançando o disco com a faixa-título “Circulandô, e o disco “Livro”, de 1998, ganhou o prêmio Grammy na categoria World Music, dois anos depois.

O trabalho mais recente, e muito elogiado, do cantor é o álbum “Cê” de 2006. O disco traz uma retomada de “Transa” (1972) e “Velô” (1984), contendo músicas com uma abordagem polêmica da sexualidade como “Outro”, “Deusa Urbana” e “Homem”. O CD dá origem ao disco ao vivo do cantor no ano seguinte.

Biografia: Charles Chaplin




Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
mais do que de máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que de inteligência, de afeição e doçura.
Sem essas virtudes, a vida será de violência
e tudo será perdido.

Biografia

Charles Spencer Chaplin nasceu no dia 16 de abril de 1889 às 20 horas, em um subúrbio de Londres. Sua mãe, Lili Harley, era atriz de comédia. Seu pai, também artista do music-hall, abandonou a família quando Charles ainda era pequeno. Um grave problema de laringite acabou com a carreira da jovem Lili Harley, obrigando Charles Chaplin a debutar artisticamente com apenas cinco anos de idade.

O teatro, muito freqüentado por soldados, não era propriamente um local "seletivo", mas foi onde o pequeno Chaplin pôde demonstrar pela primeira vez o seu grande talento para a interpretação.

Os primeiros anos da vida de Chaplin se passaram em orfanatos, e foi neles onde Chaplin encontrou todos os elementos que utilizaria mais tarde nos roteiros dos filmes que dirigiu e interpretou. Essa primeira etapa da sua vida não tinha o humor nem a ironia com a qual o cineasta sensibilizou o público do mundo inteiro.Felizmente, Chaplin acabou construindo a sua vida com a única coisa positiva que poderia ter herdado da sua família: a paixão pelo teatro. Graças a seu pai, comemorou o seu oitavo aniversário contratado por uma companhia de bailarinos chamada Eight Lancashire Lads. Pouco depois, a morte de seu pai e a internação da sua mãe em um sanatório marcariam a vida de Chaplin profundamente. Nessa época assinou seu primeiro contrato estável como ator, interpretando um mensageiro em uma versão de Sherlock Holmes. Com esse trabalho, melhorou sua situação financeira. Nesse mesmo ano conseguiu um emprego no Circo Casey, onde pôde desenvolver as suas habilidades cômicas. Já na primeira apresentação, conseguiu arrancar sonoras gargalhadas do público pela maneira desesperada com a qual recolhia as moedas atiradas à arena.
O adolescente Chaplin conseguiu um lugar na companhia do acrobata Fred Karno, apresentado por seu irmão Sidney. Karno, que fazia sucesso com espetáculos de mímica, chegou a ter cinco companhias, apresentando-se em todas simultaneamente. Chaplin rapidamente superou o artista Harry Weldon, com quem dividia o número e, em 1909, teve a sua primeira temporada em Paris.


Pensamento


"Se tivesse acreditado
na minha brincadeira
de dizer verdades teria
ouvido verdades que
teimo em dizer brincando,
falei muitas vezes como um palhaço
mas jamais duvidei da
sinceridade da platéia
que sorria."

Chegando em Paris, conheceu os favores das prostitutas, e a cidade onde os irmãos Lumiére, George Méliés e Max Linder fizeram nascer a magia do cinematógrafo. Anos mais tarde, Max Linder diria: "Chaplin teve a gentileza de me confessar que os meus filmes o levaram a fazer os seus próprios filmes. Chamou-me de mestre, mas fui eu que tive o prazer de aprender com ele". Naquela época, o mundo das imagens animadas ainda lutava para conseguir uma linguagem própria e um reconhecimento social.

Depois de outra turnê pelo norte da Inglaterra, Karno ascendeu Chaplin a primeiro ator das representações que a companhia faria nos Estados Unidos, em 1910. Toronto e Nova Iorque foram as primeiras paradas desta turnê, antes de prosseguir para o oeste. A Broadway não assimilou o humor inglês, mas Chaplin chamou a atenção de alguns jornais e de um jovem espectador, que nessa época trabalhava para o cinema; era Mack Sennett, que voltaria a encontrar Chaplin dois anos mais tarde, em uma nova turnê pelos Estados Unidos.

Enquanto estava na Filadélfia, em 1913, Chaplin recebeu um telegrama pedindo-lhe que fosse até um escritório no centro da Broadway. Ali funcionava a sede da Keystone Comedy Film Company, onde lhe ofereceram um salário de 150 dólares para que fizesse três filmes por semana. Depois de algumas negociações, Chaplin acabou aceitando o trabalho e, ao chegar em Los Angeles, reencontrou Mack Sennett, que seria seu novo chefe.

"A beleza
é a única coisa
preciosa na vida.
É difícil encontrá-la
Mas quem consegue,
descobre tudo."


Chaplin dividiu camarim com estrelas da casa, como Ford Sterling, Roscoe Arbuckle e Mabel Normand. No início, Chaplin teve que se adaptar ao estilo de Sennett, com perseguições policiais e exibições de insinuantes banhistas. O seu primeiro filme, estreado em fevereiro de 1914, mostrava as aventuras de um personagem cômico na redação de um jornal. Em seu segundo filme, Corrida de automóveis para meninos (1914), criou um personagem que logo seria identificado pelo público. Sennett pediu-lhe que se vestisse de maneira engraçada. "Pensei que poderia usar umas calças muito grandes e uns sapatos enormes, além de uma bengala e um chapéu coco. Queria que tudo fosse contraditório: as calças folgadas, o paletó apertado, o chapéu pequeno e os sapatos enormes. Não sabia se deveria parecer velho ou jovem, mas quando me lembrei que Sennett tinha pensado que eu era bem mais velho, coloquei um bigodinho que me daria alguns anos sem esconder a minha expressão". Assim nasceu o famoso "Tramp" (que os povos dos países de idioma espanhol passaram a chamar de "Carlitos"). As disputas com outros diretores e a ambição dificultaram sua relação com a Keystone, depois de ter filmado 35 longas-metragens em apenas um ano. Não foi difícil conseguir, em 1915, um contrato com a Essanay, a produtora que tinha por estrela principal Gilbert M. Anderson, o famoso Bronco Billy dos primeiros filmes western. A partir desse contrato, Chaplin começou a ganhar 1.250 dólares por semana e uma bonificação extra de 10.000 dólares, com a qual formou uma equipe bastante competente, consolidando uma técnica e um estilo próprios.

Insatisfeito com os estúdios da Essanay em Chicago e em São Francisco, instalou-se em Los Angeles. Desde o primeiro dos quinze filmes que realizou para essa produtora, teve a colaboração de Rollie Totheroth, seu fiel câmera durante sua carreira nos Estados Unidos. Contratou Edna Purviance como primeira atriz dos filmes que realizaria nos próximos quinze anos , logo após ter começado a dirigir, percebeu "que o posicionamento da câmera não era apenas uma questão psicológica, ms também constituía a articulação da cena; na verdade, era a base do estilo cinematográfico". O sucesso de Chaplin foi consolidado pelo contrato com a Mutual em 1916. Em troca de 10.000 dólares semanais e de uma bonificação inicial de 150.000 dólares, Chaplin comprometeu-se a entregar doze curtas-metragens de duas bobinas, dentre os quais estão algumas das sus primeiras obras-primas: "No Armazém" (1916), "Rua da paz" (1917), "O balneário" (1917), "O emigrante" (1917). A produtora colocou um novo estúdio à sua disposição, o Lone Star, e o cineasta pôde trabalhar com liberdade, rodeado por uma equipe de fiéis colaboradores como os atores Eric Campbell, Henry Bergman, Albert Austin e Edna Purviance.

A respeito de seu envolvimento com Edna Purviance, o próprio Chaplin reconheceu na sua autobiografia: "Como Balzac, que achava que uma noite dedicada ao sexo significava a perda de uma página de algum dos seus romances, eu também achava que seria perder um ótimo dia de trabalho nos estúdios".


Leia mais sobre Charles Chaplin

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Segunda Parte da biografia de Charles Chaplin
Cronologia da Vida de Charles Chaplin
Filmografia
O Grande Ditador
O Pensamento Vivo de Charles Chaplin
Tua Caminhada
Canto ao Homem do Povo - Charles Chaplin

Biografia: Vinicius de Moraes




"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."




O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.

Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma saída".

O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se tornar show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta".

Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes aos nove anos de idade parece que pressente o poeta: vai, com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e altera seu nome para Vinicius de Moraes. Nascido em 19-10-1913, na Rua Lopes Quintas, 114 — bairro da Gávea, na Cidade Maravilhosa, desde cedo demonstra seu pendor para a poesia. Criado por sua mãe, Lydia Cruz de Moraes, que, dentre outras qualidades, era exímia pianista, e ao lado do pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta bissexto, Vinicius cresce morando em diversos bairros do Rio, infância e juventude depois contadas em seus versos, que refletiam o pensamento da geração de 1940 em diante.

Em 1916, a família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, 129, no bairro de Botafogo, passando a residir com os avós paternos, Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.

No ano seguinte mudam-se para a rua da Passagem, 100, no mesmo bairro. Nasce seu irmão Helius. Com a irmão Lydia, passa a freqüentar a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.

Em 1920, por disposição de seu avô materno, é batizado na maçonaria, cerimônia que lhe causaria grande impressão.

Após três outras mudanças, em 1922 a família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, 109-A.

Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria, no ano seguinte.

Em 1924, inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente. Começa a cantar no coro do colégio nas missas de domingo, criando fortes laços de amizade com seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este sobrinho de Raul Pompéia. Participa, como ator, em peças infantis.

Torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajóz, em 1927, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do colégio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casas de famílias conhecidas.

Compõe, no ano seguinte, com os irmãos Tapajóz, "Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande sucesso. Nessa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.

A família volta a morar na rua Lopes Quintas em 1929, ano em que Vinicius bacharela-se em Letras no Santo Inácio. No ano seguinte entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil, para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), tornando-se amigo de Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.

Em 1931, entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).

Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial da Reserva, em 1933. Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, O caminho para a distância, na Schimidt Editora.

Forma e exegese, seu livro de poesias lançado em 1935, ganha o prêmio Felipe d'Oliveira.

Em 1936, substitui Prudente de Moraes Neto como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher". Conhece o poeta Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.

Em 1938, é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, para onde parte em agosto daquele ano. Trabalha como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece, então, na casa de Augusto Frederico Schmidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos maiores amigos. Instado por outro grande amigo, Otávio de Faria, a se tornar um poeta mais com os pés no chão, e não o "inquilino do sublime" como, então, o chamou, lança Novos Poemas. Seguindo esta mesma linha, são lançados, posteriormente, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas, Sonetos e Baladas, escrito em 1946, que já começam a mostrar o poeta sensual e lírico, mas, como ele próprio disse, um "poeta do cotidiano".

No ano seguinte, casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello. No final desse ano, retorna ao Brasil devido à eclosão da II Grande Guerra. Parte da viagem é feita em companhia de Oswald de Andrade.

O ano de 1940 marca o nascimento de sua primeira filha, Suzana. Torna-se amigo de Mário de Andrade.

Estréia como crítico de cinema e colaborador no Suplemento Literário do jornal "A Manhã", em companhia de Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo, em 1941.

Em 1942, nasce seu filho Pedro. Favorável ao cinema silencioso, Vinicius inicia um debate sobre o assunto com Ribeiro Couto, que depois se estende à maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. A convite do então prefeito de Belo Horizonte (MG), Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros àquela cidade, onde se liga por amizade a Hélio Pelegrino, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Otto Lara Resende. Juntamente com Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, inicia a roda literária do Café Vermelhinho, no Rio de Janeiro, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira e Bruno Giorgi, entre outros. Conheceu a escritora argentina Maria Rosa Oliveira e, através dela, Gabriela Mistral. Freqüenta as domingueiras na casa de Aníbal Machado. Ainda nesse ano, faz extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.

No ano seguinte, ingressa, por concurso, na carreira diplomática. Publica Cinco Elegias em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria.

Dirige, em 1944, o Suplemento Literário de "O Jornal", onde lança, entre outros, Pedro Nava, Francisco de Sá Pires, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Marcelo Garcia e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Athos Bulcão, Maria Helena Vieira da Silva, Alfredo Ceschiatti, Carlos Scliar, Eros (Martin) Gonçalves e Arpad Czenes.

Em 1945, um grande susto: sofre grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro "Leonel de Marnier", perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro. Colabora com vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema. Escreve crônicas diárias para o jornal "Diretrizes". Faz amizade com o poeta chileno Pablo Neruda.

No ano de 1946, assume seu primeiro posto diplomático: vice-consul do Brasil em Los Angeles, Califórnia (USA). Ali permanece por quase cinco anos, sem retornar ao seu país. Publica, em edição de luxo, com ilustrações de Carlos Leão, seu livro, Poemas, sonetos e baladas.

Vinicius, amante da sétima arte, inicia seus estudos de cinema com Orson Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film, em 1947.

Em 1949, João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa manual, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu poema Pátria Minha.

Visita o poeta Pablo Neruda, no México, que se encontrava gravemente enfermo. Ali conhece o pinto Diogo Siqueiros e reencontra o pintos Di Cavalcanti. Morre seu pai. Volta ao Brasil, em 1950.

No ano seguinte, casa-se, pela segunda vez, com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli. A convite de Samuel Wainer, começa a colaborar no jornal "Última Hora", como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.

Em 1952, é nomeado delegado junto ao Festival de Punta del Este, fazendo paralelamente sua cobertura para "Última Hora". Terminado o evento, parte para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização do Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade. Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas Cinco Elegias. Sob encomenda do diretor Alberto Cavalcanti, com seus primos Humberto e José Francheschi, visita, fotografa e filma as cidades mineiras que compõem o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor.

Em 1953, nasce sua filha Georgiana. Compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tu passas por mim". Faz crônicas diárias para o jornal "A Vanguarda" e colabora no tablóide semanário "Flan", de "Última Hora". Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada. Escreve Orfeu da Conceição, obra que seria premiada no Concurso de Teatro do IV Centenário da Cidade de São Paulo no ano seguinte, e que teve montagem teatral em 1956, com cenários de Oscar Niemeyer. Posteriormente transformada em filme (com o nome de Orfeu negro) pelo diretor francês Marcel Camus, em 1959, obteve grande sucesso internacional, tendo sido premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e com o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Nesse filme acontece seu primeiro trabalho com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim).

Sai da primeira edição de sua Antologia Poética. A revista "Anhembi" publica Orfeu da Conceição, em 1954.

No ano seguinte, compõe, em Paris, uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme Orfeu negro. Volta ao Brasil em curta estada, buscando obter financiamento para a realização do filme. Diante do insucesso da missão, retorna a Paris em fins de dezembro.

Em 1956, retorna à pátria, no gozo de licença-prêmio. Nasce sua filha, Luciana. A convite de Jorge Amado, colabora no quinzenário "Para Todos", onde publica, na primeira edição, o poema O operário em construção. A peça Orfeu da Conceição é encenada no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar. As músicas do espetáculo são de autoria de Antônio Carlos Jobim, dando início a uma parceria que, tempos depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova. Retorna ao posto, em Paris, no final do ano.

Publica Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal, em 1957. É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final do ano é transferido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.

Em 1958, sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do movimento.

1959 marca o lançamento do LP "Por toda a minha vida", de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno. Casa-se sua filha Susana.

No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado das Relações Exteriores. Em novembro, nasce seu neto Paulo. Sai a segunda edição de sua Antologia Poética, uma edição popular da peça Orfeu da Conceição e Recette de femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff.

Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha. Aparece Orfeu negro, em tradução italiana de P. A. Jannini, em 1961.

Dá início à composição de uma série de afro-sambas, em parceria com Baden Powell, entre os quais "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra, compõe as canções de sua comédia musicada Pobre menina rica. Em agosto desse ano, 1962, faz seu primeiro show, que obteve grande repercussão, ao lado de Jobim e João Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos "pocket-shows", onde foram lançados grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e "Samba da benção". Na mesma boate, faz apresentação com Carlos Lyra para apresentar "Pobre menina rica", ocasião em que é lançada a cantora Nara Leão. Compõe, com Ary Barroso, as últimas canções do grande mestre da MPB, como "Rancho das Namoradas". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava, como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.

Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha e retorna a Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à UNESCO.

No início da revolução de 1964, retorna ao Brasil e colabora com crônicas semanais para a revista "Fatos e Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre música popular para o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime. Com Dorival Caymmi, participa de show muito sucesso na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em Cy. Desse show é feito um LP.

1965 marca o lançamento de Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério de Educação e Cultura. Ganha o primeiro e segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell. Parte para Paris e St. Maxime para escrever o roteiro do filme "Arrastão". Indispõem-se com o diretor e retira suas músicas do filme. Parte de Paris para Los Angeles a fim de encontrar-se com Jobim. Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, 20. Começa a trabalhar no roteiro do filme "Garota de Ipanema", dirigido por Leon Hirszman. Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.

No ano seguinte é lançado o livro Para uma menina com uma flor. São feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa. Seu "Samba da benção", em parceria com Baden Powell, é incluído, em versão do compositor e ator Pierre Barouh, no filme "Un homme... une femme", vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do juri desse festival.

Em 1967, sai a sexta edição de sua Antologia Poética e a segunda de Livro de Sonetos (aumentada). Faz parte do júri do Festival de Música Jovem, na Bahia. Ocorre a estréia do filme "Garota de Ipanema". É colocado à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto.

Falece sua mãe, em 25 de fevereiro de 1968. Aparece a primeira edição de sua Obra Poética. Seus poemas são traduzidos para o italiano por Ungaretti.

Em 1969, é exonerado do Itamaraty. Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha chamada Maria.

No ano seguinte, casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy. Inicia parceria com o violonista Toquinho.

Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de auto-exílio. No ano seguinte, com Toquinho, lança naquele país o LP "Per vivere un grande amore".

A Pablo Neruda é lançado em 1973. Trabalha, no ano seguinte, no roteiro, não concretizado, do filme "Polichinelo". Participa de show com Toquinho e a cantora Maria Creuza, no Rio. Confirmando os boatos de que o governo o perseguia, excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho, em 1975.

Em 1976, novo casamento, agora com Marta Rodrigues Santamaria. Escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo.

Participa de show na casa de espetáculos "Canecão", no Rio, com Tom Jobim, Toquinho e Miúcha. Grava um LP em Paris, com Toquinho, em 1977.

No ano seguinte, excursiona com Toquinho pela Europa. Casa-se com Gilda de Queirós Matoso.

Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral. Morre, na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu livro O deve e o haver.

Lançado postumamente, no Livro de Letras, publicado em 1991, estão mais de 300 letras de músicas de autoria de Vinícius, com melodias suas e de um sem número de compositores, ou parceirinhos, como carinhosamente os chamava.

Em 1992, é lançado um livro que hibernou anos junto ao poeta: Roteiro Lírico e Sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde Nasceu, Vive em Trânsito e Morre de Amor o Poeta Vinicius de Moraes.

No ano seguinte, uma coletânea de poesias é publicada no livro As Coisas do Alto - Poemas de Formação, mostrando a processo de formação do poeta, que é uma descida do topo metafísico à solidez do cotidiano.

Em 1996, é lançado livro de bolso com o título Soneto de Fidelidade e outros poemas, a preços populares. Essa publicação fica diversas semanas na lista dos mais vendidos, o que vem mostrar que mesmo após 16 anos de seu desaparecimento, sua poesia continuava viva entre nós.

Em 2001, a industria de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por Vinicius de Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa mais linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".

Inconstante no amor (seus biógrafos dizem que teve, oficialmente, 09 mulheres), um dia foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, poetinha, quantas vezes você vai se casar?".

Num improviso de sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."

No dia 08/09/2006, é homenageado pelo governo brasileiro com sua reintegração post mortem aos quadros do Ministério das Relações Exteriores, ocasião em que foi inaugurado o "Espaço Vinicius de Moraes" no Palácio do Itamaraty - Rio de Janeiro (RJ).

BIBLIOGRAFIA

Do Autor:

Poesia/Prosa:

- O Caminho para a Distância, 1933 - Schmidt Ed, Rio (recolhida pelo autor)

- Ariana, a Mulher, 1936 - Pongetti - Rio

- Forma e Exegese, 1935 - Pongetti - Rio (Prêmio Felippe d'Oliveira)

- Novos Poemas, 1938 - José Olympio - Rio

- Cinco Elegias, 1943 - Pongetti - Rio (ed.feita a pedido de Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Octávio de Farias)

- 10 poemas em manuscrito - 1945, Condé (edição ilustrada de 150 exemplares)

- Poemas, Sonetos e Baladas, 1946 - Ed. Gávea - São Paulo (ilustrações de Carlos Leão)

- Pátria Minha, 1949 - O Livro Inconsútil - Barcelona (ed.feita por João Cabral de Melo Neto em sua prensa manual)

- Orfeu da Conceição, 1956 - Editora do Autor - Rio (ilustrações de Carlos Scliar)

- Livro de Sonetos, 1957 - Livros de Portugal - Rio

- Novos Poemas (II), 1959 - Livraria São José - Rio.

- Orfeu da Conceição, 1960 - Livraria São José - Rio (edição popular)

- Para Viver um Grande Amor, 1962 - Ed. do Autor - Rio

- Cordélia e o Peregrino, 1965 - Ed.do Serviço de Documentação do M. da Educação e Cultura - Brasília

- Para uma Menina com uma Flor, 1966 - Ed. do Autor - Rio

- Orfeu da Conceição, 1967 - Editora Dois Amigos - Rio (com ilustrações de Carlos Scliar)

- O Mergulhador, 1968 - Atelier de Arte - Rio (fotos de Pedro de Moraes, filho do autor. Tiragem limitada a 2.000 exemplares, sendo 50 numerados em algarismos romanos de I a L e assinados pelos autores, comportando um manuscrito original e inédito de Vinícius de Moraes;450 exemplares numerados em algarismos arábicos e 51 a 500 e assinados pelos autores; e,finalmente, 1.500 exemplares numerados de 501 a 2.000)

- História natural de Pablo Neruda, 1974 - Ed.Macunaíma - Salvador.

- O falso mendigo, poemas de Vinicius de Moraes - 1978, Ed. Fontana - Rio

- Vinicius de Moraes - Poemas de muito amor, 1982 - José Olympio, Rio (ilustrações de Carlos Leão)

- A arca de Noé - 1991, Cia. das Letras - São Paulo

- Livro de Letras, 1991, Cia. das Letras - São Paulo

- Roteiro lírico e sentimental da Cidade do Rio de Janeiro e outros lugares por onde passou e se encantou o poeta, 1992 - Cia. das Letras - São Paulo

- As Coisas do Alto - Poemas de Formação, 1993 - Cia. das Letras - São Paulo

- Jardim Noturno - Poemas Inéditos, 1993 - Cia. das Letras - São Paulo

- Soneto de Fidelidade e outros Poemas, 1996 - Ediouro - Rio (ed. bolso)

- Procura-se uma Rosa, Massao Ohno Ed. - São Paulo (peça de teatro em colaboração com Pedro Bloch e Gláucio Gil)

- A Arca de Noé, Cia. das Letras - São Paulo

- O Cinema de Meus Olhos, Cia. das Letras - São Paulo

- Nossa Senhora de Paris, Ediouro - Rio

- Teatro em Versos - 1995, Cia. das Letras - São Paulo

- Rio de Janeiro (com Ferreira Gullar), Ed. Record - Rio (edições em alemão, francês, inglês, italiano e português).

- Querido Poeta - Correspondências de Vinicius de Moraes (organização de Ruy Castro), Cia. das Letras, São Paulo, 2003.

- Samba falado, Azougue Editorial, 2008.

Francês:

- Cinc Elégies, 1953 - Ed. Seghers - Paris (trad. de Jean-Georges Rueff)

- Recette de Femme et autres poèmes, 1960 - Ed. Seghers - Paris (escolha e tradução de Jean-Georges Rueff)

Italiano:

- Orfeo Negro, 1961 - Nuova Academia Editrice - Milão (tradução de P. A. Jannini)

Antologias:

- Antologia Poética, 1954 - Editora A Noite - Rio de Janeiro

- Obra poética - Poesia Completa e Prosa, Editora Nova Aguillar, 1968

Teatro

- Procura-se uma rosa, 1962 (com Pedro Bloch e Gláucio Gil.)

Sobre o Autor:

- O Poeta da Paixão, José Castello, 1994 - Cia. das Letras - São Paulo

- Vinícius de Moraes - Uma Geografia Poética, José Castello, 1996 - Ed. Relume Dumará

- Vinicius de Moraes - O múltiplo das paixões (biografia), coleção "Gente do Século", Editora Três, 1999.

- Rio (coleção Perfis do Rio), Ed. Relume Duimará.

- Vinícius de Moraes, Pedro Lyra, Editora Agir

- Cancioneiro Vinicius de Moraes: Biografia e Obras escolhidas, Sergio Augusto, Jobim Music. (edição bilíngüe), 2007.

Discos de poesias:

- Vinicius em Portugal, 1969, Fiesta, IG 79.034 - Rio

- Antologia Poética, 1977, Philips, 6641 708, Série de Luxo - 2 Long-Plays (com participação de Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Luis Roberto, Jorginho, Roberto Menescal e Francis Hime)

Homenagens:

- Ciclo Vinícius de Moraes - Meu Tempo é Quando, 05 de janeiro a 23 de fevereiro de 1990, Centro Cultural do Banco do Brasil - Rio de Janeiro


Dados compilados dos livros "Vinicius de Moraes: O poeta da Paixão - uma biografia", "Perfis do Rio", de José Castello, e de "Obra Poética - Poesia Completa e Prosa", Ed. Nov Aguillar - Rio, além dos constantes nos livros do autor e informações obtidas na Internet.

Biografia: Fernando Pessoa






Escritor português)
13/06/1888, Lisboa (Portugal)
30/11/1935, Lisboa (Portugal)




Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Em 1893 morre seu pai e em 1894, seu irmão, Jorge. No ano seguinte, sua mãe casa-se com João Miguel Rosa, cônsul português em Durban, na África do Sul. Em 1896, a família parte para Durban onde Fernando Pessoa estuda e aprende o inglês. Em 1905, ele regressa definitivamente a Lisboa, com intenção de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare, Wordsworth e filósofos gregos e alemães. Toma contato com a poesia francesa, especialmente a de Baudelaire e lê os poetas portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Em 1907, abandona o curso superior e monta uma tipografia que mal chega a funcionar. No ano seguinte, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em casas comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas, nem horários.

Em 1912, Pessoa inicia sua colaboração na revista A Águia. Inicia correspondência com Mário de Sá-Carneiro que, de Paris, manda a Pessoa notícias do Cubismo e do Futurismo. Pessoa escreve, em inglês, o poema Epithalamiun e, em português, o drama O Marinheiro. Vai elaborando o projeto de vários livros e traz um novo movimento: o Paulismo, tudo isso no ano de 1913. No ano seguinte, publica Paúis, sob o título de Impressões do Crepúsculo e aparecem os heterônimos*: Alberto Caeiro e seus discípulos Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Fernando Pessoa compõe Ode Triunfal, encaminhando-se para o Sensacionismo e para o Futurismo, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Compõe ainda Chuva Oblíqua (poesia ortonímica), delineando o Interseccionismo.

Em 1915, surge a revista Orpheu, marco do Modernismo em Portugal. O primeiro número, dirigido por Luís Montalvor e Ronald de Carvalho, publica os poemas Ode Triunfal e Opiário (Álvaro de Campos) e O Marinheiro (Fernando Pessoa). No segundo número, saem Chuva Oblíqua e Ode Marítima. No mesmo ano, Fernando Pessoa inicia-se no esoterismo, traduzindo um Tratado de Teosofia. Em 1919, escreve Poemas Inconjuntos, assinados por Alberto Caeiro, apesar deste ter morrido em 1915. Em 1920, Pessoa passa a morar com sua mãe, que regressara, viúva, da África do Sul. Ela falece em 1925. Cinco anos depois, Pessoa escreve mais poemas, assinados por seus heterônimos. Em 1934, publica Mensagem, livro de poemas de cunho místico-nacionalista, única obra em português publicada em vida. Em 1935, no dia 30 de novembro, no Hospital São Luís, em Lisboa, morre Fernando Pessoa.

*Os heterônimos (diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa)

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são:

1- Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889 - o mais objetivo dos heterônimos. Busca o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que se volta para a fruição direta da Natureza; busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. Neste sentido, é o antípoda de Fernando Pessoa "ele-mesmo", é a negação do mistério, do oculto.

Coerente com a posição materialista, antiintelectualista, adota uma linguagem simples, direta, com a naturalidade de um discurso oral. Os versos simples e diretos, próximos do livre andamento da prosa, privilegiam o nominalismo, a "sensação das coisas tais como são". É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura. Mas, sob a aparência exterior de uma justaposição arbitrária e negligente de versos livres, há uma organização rítmica cuidada e coerente. Caeiro é o abstrador paradoxalmente inimigo de abstrações; daí a secura e pobreza lexical de seu estilo.

2- Ricardo Reis, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos, tendendo à vernaculidade e ao formalismo. Tem consciência da fugacidade do tempo; apóia-se na mitologia greco-romana; apresenta-nos uma musa (Lídia) e, filosoficamente, é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, mas sem exageros, sossegadamente, porque a morte está à espreita. Médico que se mudou para o Brasil.

3- Álvaro de Campos, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso, por uma linguagem de tom irreverente. Essa modernidade tem ligações claras com o cosmopolita Cesário Verde, com Walt Whitman e com o Futurismo. Sentindo e intelectualizando suas sensações (sentir e pensar), Campos percebe a impossibilidade de não pensar, observa criticamente o mundo e a si próprio, angustiando-se diante do tempo inexorável e do absurdo da vida. Apresenta-se como o engenheiro inativo, inadaptado, inconciliado, com consciência crítica.

Biografia: Machado de Assis







Machado de Assis


(...) Assim são as páginas da vida,
como dizia meu filho quando fazia versos,
e acrescentava que as páginas vão
passando umas sobre as outras,
esquecidas apenas lidas.

"Suje-se Gordo!"




Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis.

De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.

Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.

Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.

Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.

Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.

Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.

Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.

Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.

Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.

Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.

Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.

No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.

Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.

Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.

Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de gabinete.

Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.

Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).

Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889.

Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.

É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.

Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."

BIBLIOGRAFIA:

Comédia

Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.

Poesia

Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.

Romance

Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.

Conto:

Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.

Teatro

Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.

Algumas obras póstumas

Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.

Antologias

Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998

Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.

Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de alguns textos para o cinema e a televisão.

Biografia: Castro Alves







Antônio Frederico de Castro Alves, poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 65, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 66, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.

Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração e tomou consciência do seu papel de poeta social. Escreveu o drama Gonzaga e, em 68, vai para o Sul em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 69. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 70 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a saúde comprometida pela tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.
Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora Agnese Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 70, numa das fazendas em que repousava, havia completado A cascata de Paulo Afonso, que saiu em 76 com o título A cachoeira de Paulo, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: "Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio."

Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada da sensualidade de um autêntico filho dos trópicos, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloqüência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando completamente o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.

Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de "Cantor dos escravos". A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloqüência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.

Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da história. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, não se podia elevar a objeto estético. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.

Escreveu:

"Espumas Flutuantes", escrita em 1870; "Gonzaga ou a Revolução em Minas", (1875); "Cachoeira de Paulo Afonso", (1876); "Vozes, D'África" e "Navio Negreiro", (1880); "Os Escravos", (1883), etc. Em 1960 publicou-se sua Obra Completa, enriquecida de peças que não figuram nas Obras Completas de Castro Alves, editadas em 1921.

Castro Alves foi um discípulo de Victor Hugo a quem chamava "mestre do mundo, sol da eternidade". Poeta social, lírico, patriótico, foi um dos primeiros abolicionistas e, ao poetar sobre a escravidão, inflamava-se eloqüentemente, chegando a elevar-se pelo arrojo das metáforas, pelo atrevimento das apóstrofes, pelas idéias do infinito, amplidão, pelo vôo da imaginação, o que motivou o título dado por Capistrano de Abreu de "condoreiro", que comparou sua poesia ao vôo de um condor.

Castro Alves amou o oprimido com sentimento de justiça sendo este o traço básico da sua personalidade. A desarmonia da alma romântica não é produzida, segundo ele, por conflitos do espírito mas por conflitos entre o homem e a sociedade, o oprimido e opressor. É uma nova forma da existência da dualidade romântica do bem e do mal. A sua tese social é trazida muito abstratamente e será o primeiro exemplo de literatura "engage" que se vê no Brasil.

O ideal para Castro Alves é o gênio (homem) símbolo das lutas pela justiça e pela libertação. Vive seu espírito em constantes conflitos à procura de soluções. Esse ideal faz com que o poeta busque na retórica a sua forma de expressão que muitas vezes se apresenta vazia e sem nexo, apoiada apenas em combinações sonoras. Esse abuso é uma influência da época que muito prestigiava a oratória. Um defeito a ser apontado no seu estilo é o abuso e a superposição de imagens e de aposições. Porém, alcança um belo sublime, bem distante das banalidades românticas.

Enquanto outros poetas como Gonçalves Dias, tomam o índio como herói, tomou Castro Alves o negro, nada estético, tido como de casta inferior na sociedade, sem nenhum valor mítico. O índio foi um herói bem mais fácil de ser forjado, pois existia apenas como mito, não participava da sociedade e tinha valor heróico, por causa da sua tradição guerreira. Assim, o negro, em Castro Alves, é quase sempre um mulato com feições e sensibilidade de um branco. O amor será tratado como um encantamento da alma e do corpo e não mais como uma esquivança ou desespero ansioso dos primeiros romances.

Leia mais sobre Castro Alves

O tema da escravidão.
As marcas do estilo.
O Navio Negreiro
Uma fonte alemã.
A Cachoeira de Paulo Afonso

Biografia: Monteiro Lobato







A 18 de abril de 1882 em Taubaté, estado de São Paulo, nasce o filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusta Monteiro Lobato. Recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato, que por decisão própria modifica mais tarde para José Bento Monteiro Lobato desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J. B. M. L.


Juca era assim chamado – brincava com suas irmãs menores Ester e Judite. Naquele tempo não havia tantos brinquedos; eram toscos, feitos de sabugos de milho, chuchus, mamão verde, etc...

Adorava os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé.

Sua mãe o alfabetizou, teve depois um professor particular e aos sete anos entrou num colégio. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Em dezembro de 1896, presta exames em São Paulo, das matérias estudadas em Taubaté. Aos 15 anos perde seu pai, vítima de congestão pulmonar e aos 16 anos sua mãe. No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas-Artes. É anticonvencional por excelência, diz sempre o que pensa, agrade ou não. Defende a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que sejam as conseqüências. Em 1904 diploma-se Bacharel em Direito, em maio de 1907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza da Natividade (Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute. Vive no interior, nas cidades pequenas sempre escrevendo para jornais e revistas, Tribuna de Santos, Gazeta de Notícias do Rio e Fon-Fon para onde também manda caricaturas e desenhos. Em 1911, morre seu avô, o Visconde de Tremembé, e dele herda a fazenda de Buquira, passando de promotor a fazendeiro. A geada, as dificuldades, levam-no a vender a fazenda em 1917 e a transferir-se para São Paulo. Mas na fazenda escreveu Jeca Tatu, símbolo nacional. Compra a Revista Brasil e começa a editar seus livros para adultos. Urupês inicia a fila, em 1918.

Surge a primeira editora nacional Monteiro Lobato & Cia, que se liquidou transformando-se depois em Companhia Editora Nacional sem sua participação. Antes de Lobato os livros no Brasil eram impressos em Portugal; com ele inicia-se o movimento editorial brasileiro. Em 1931, volta dos Estados Unidos da América do Norte, pregando a redenção do Brasil pela exploração do ferro e do petróleo. Começa a luta que o deixará pobre, doente e desgostoso. Havia interesse oficial em se dizer que no Brasil não havia petróleo. Foi perseguido, preso e criticado porque teimava em dizer que no Brasil havia petróleo e que era preciso explorá-lo para dar ao seu povo um padrão de vida à altura de suas necessidades. Já em 1921, dedicou-se à literatura infantil. Retorna a ela, desgostoso dos adultos que o perseguem injustamente. Em 1945, passou a ser editado pela Brasiliense onde publica suas obras completas, reformulando inclusive diversos livros infantis.

Com Narizinho Arrebitado lança o Sítio do Pica-pau Amarelo e seus célebres personagens.



Através de Emília diz tudo o que pensa; na figura do Visconde de Sabugosa critica o sábio que só acredita nos livros já escritos.

Dona Benta é o personagem adulto que aceita a imaginação criadora das crianças, admitindo as novidades que vão modificando o mundo, Tia Nastácia é o adulto sem cultura, que vê no que é desconhecido o mal, o pecado. Narizinho e Pedrinho são as crianças de ontem, hoje e amanhã, abertas a tudo, querendo ser felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem, mas sempre acreditando no futuro. E assim, o Pó de Pirlimpimpim continuará a transportar crianças do mundo inteiro ao Sítio do Pica-pau Amarelo, onde não há horizontes limitados por muros de concreto e de idéias tacanhas.

Em 5 de julho de 1948, perde-se esse grande homem, vítima de colapso, na Capital de São Paulo. Mas o que tinha de essencial, seu espírito jovem, sua coragem, está vivo no coração de cada criança.

Viverá sempre, enquanto estiver presente a palavra inconfundível "Emília".

Biografia do Livro O Saci de Monteiro Lobato, publicada no
boletim Circulação Cultural, Ano I, n. 13, ago. 1999.
Ilustrações:




Matéria publicada em 01/12/1999 - Edição Número 4

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Manifesto contra o Preclownceito com Palhaços


Manifesto contra o Preclownceito com Palhaços

Tem um tempo que venho escutando atores Baianos rejeitando a presença do palhaço na cidade.Estive em Goiania, e por lá passou um representante do teatro soteropolitano. E por tristeza ou felicidade soube que este, ao ver palhaços na sinaleira, não pode se conter e disse: "esta praga tambem está aqui???".
Um outro amigo, grande ator, escreve um texto para deleite da classe : "Morte aos Palhaços". E ainda há quem diga que "está cansado de palhacinhos com cara de debil mental nas ruas...".
Bom, antes de me tornar um Palhaço, invadi festas e eventos e tambem tive cara de debil mental... Alias tenho até hoje. Mas para se dominar esta arte é necessário anos de prática... pelo menos três anos de sofrimento, que ainda sem um estilo próprio, somos como crianças... com cara de joelho.
O tempo, as horas de prática é que dão o bom Palhaço. O único jeito de crescer é improvisando em ambientes públicos e nas apresentações.
Quero que meus colegas atores reflitam... que palhaços tinhamos como referencia por aqui???
Sei que sempre existiu os dos cirquinhos que rodavam e rodam pelo interior da Bahia... Porem em Salvador, fora nossos queridos Pinduca e Economia, de quem mais se lembram?
Em 1998 se procurássemos aprender esta arte teriamos que sair da Bahia, ou do Brasil. Ou ser um afortunado integrante de uma família de circo
E imaginem se os atores de TV e Cinema resolvessem contestar que existe muito teatro e ator de teatro na cidade... e resolvessem sair espalhando que estão cansados desta classe teatral : "Esta praga pedante que se acha superior por estudar métodos europeus" .. E resolvessem escrever o roteiro de um filme: "morte ao Teatro"????
Pessoalmente não resumo o teatro a isto. Não mesmo!!!
Por isso não nos resumam ao Bozo e ao Patati Patata!!!
Este é o manifesto de um Palhaço! Falando por muitos
Por favor grandes irmão do Teatro, acordem!!!
Será uma espécie de ignorância, ou de temor pela vivacidade e frescor que o Palhaço trás???
Se tem muitos palhaços na rua... agradesçam, estão praticando para aperfeiçoar sua arte!
Os atores que entram em sala de ensaio pra treinar, hoje são raríssimos!
Ser Palhaço já tem suas próprias dificuldades a serem superadas, assim como ser ator e artista em geral. Não dificultemos a evolução de uma Linhagem!
O palhaço nos relembra algumas coisas importantes que o Teatro vem perdendo...
Primeiro que devemos resgatar aquela antiga fome por desenvolvermo-nos como maestros de varias artes.
Pois o Teatro me levou ao Palhaço que me levou ao circo que me levou a rua que me levou ao violino que me levou a dança....
Hoje na época da especialização com médicos que só tratam da retina do olho esquerdo especificamente azul... os artistas tem estudado apenas teatro realista, ou teatro popular, ou teatro físico, ou dança, ou mímica, ou máscara... ou ou ou antes tudo acrescentava
Depois ,tanto se fala em comédia dellarte se refletirmos...Os primeiros artistas que vivenciaram o Arlequim o fizeram por muitos e muitos anos. Desenvolveram uma lógica tão poderosa que podiam mudar de contexto e ainda assim, a personagem estaria com todo vigor e prontidão pra se adaptar.
Os Colombaioni, Família Italiana Tradicional de Palhaços, remonta a comédia dell arte. Uma coisa foi se transformando na outra. Masdizem que cada artista alem de trabalhar anos com a mesma personagem,
ainda eram acrobatas, músicos, cantores, dançarinos, mágicos e etc... Não por estética... Não por reconhecimento....mas por sobrevivência....!
E é só o que queremos... Sobreviver! A arte do Palhaço não vai morrer!!!E estamos saturando mesmo para podermos viver do nosso ofício.
Hoje em Salvador, com tantos editais, convive-se com uma ou duas personagens por ano. Que logo será abortada para vir outra. E acredito que o ator sente falta em crescer na lógica e na prática desta nova persona que está estudando.
E estas espetáculos acabam porque? Por falta de dinheiro, ou de qualidade???
Sinto que muitas vezes a produção tem sido maior do que a arte. Peças pesadíssimas com conteúdos superficiais exaltando apenas um estilo, ou ideologia que não se aproxima da realidade de quem assiste.... Já assisti muitas destas por aqui e por outros estados!
O palhaço me deu este presente... São onze anos crescendo junto com o Biancorino! Rodando o Brasil e o Mundo!
Apresentando para Intelectuais e analfabetos!!!
São cinco anos com o Sobrinho do "sapato do meu tio"...foram 4 anos com a Macabea...
E o "Seu Bonfim", do Fabio Vidal, que tem 10 anos... Vai lá vê ele... é uma entidade. Tem profundidade....e ela xinga o iluminador sem ninguem perceber... improvisando com o agora! Como diz o próprio Bonfim: -Essa porra, dessa merda, dessa desgr....!!!
Chegará o dia em que estarão nas disciplinas da academia o Palhaço, as brincadeiras populares e a capoeira Angola...
Acho que esta possibilidade nos dará bases mais consistentes, um corpo mais tonificado e flexível, uma humildade maior e uma conexão com nossa cultura popular.
Teremos outro tipo de Ator..Teremos os Brincantes que o Antonio Nóbrega tanto prega!E quem sabe a arrogância dos que, mesmofamosos, ainda mordem a língua para dar um texto de forma
orgânica, seja sanada com um coração mais caridoso e menos "lamentoso"!!! Pois me perdoem... em relação as artes sou leigo mesmo!
Mas não sou insensível....
Nosso teatro é Bom... Mas na maioria das vezes vejo aqueles que louvamos como grandes atores, interpretando eles mesmos a anos! Só mudando o nome da personagem e o título da peça!Já está bem parecido com a TV.Cadê os camaleões que transformam sua vós, sua lógica, seu tempo e ainda assim são naturais como a vida é?
Teatro assim, pra mim é Mágico... E fui para a pesquisa do Palhaço por buscar esta Naturalidade que ví nos mestres... e nas crianças. Esta magia que ví em poucos. E os que não a possuem são os que mais criticam e reclamam do governo e da vida de artista!
E mesmo sem completar minha graduação na UFBA, não parei de Estudar.Como os Velhos Palhaços que conheci, e que conhecem muito de muitos assuntos e discutem como irão intervir no mundo....
Aliás, para sobrevivermos a tamanha pressão, críticas e às pessoas que nos subjugam, temos que está bem informados.
Também eu, pesquiso outros campos que não são diretamente ligados a história, ou estilos de arte cênica. Me interesso pela psicologia, ocultismo, xamanismo, Yoga, Budismos, Bioenergética e etc... E em todas elas se confirmam a profundidade em vias de cura social e humana, que possui esta arte Palhaçal e esta bela e profunda Arte do Ator.
Por isso, declaradamente, aproveito e assumo ser um haganorante sim!!! quando se trata de conceitos, autores, estéticas, nomes e historia das artes cênicas.Lí poucos textos de teatro e abandonei a universidade. Estava sendo um aluno medíocre... e a nossa escola de Teatro e os nossos mestres não mereciam isso!Fui me transformar em um especialista, como os que critico, e me tornei um Palhaço.
Hoje busco ser um artesão. Um Maestro.... que deve estudar e dominar muitos instrumentos para integrar as artes em uma sinfonia brincante! Por enquanto, apesar da busca, sou um apenas um aprendiz mesmo!Não me orgulho por não ter me aprofundado nos conceitos Teatrais e históricos das artes.Recomeço só agora meu estudo, pois pesquisar e mergulhar no saber foi o que de mais precioso o Teatro me deu. E vejo Grotowiski, Barba e o próprio Stanislavski tratando de assuntos que vejo serem mencionados de forma simples e direta pelos Palhaços Mestres. Os fundamentos são os mesmos!
E a título de informação, como isso é bem importante para o meus colegas da classe teatral, o que vem acontecendo em Salvador é uma fusão muito linda entre o Tradicional e o Contemporâneo. Pois como sabem fui iniciado na arte do Palhaço pelo Ricardo Puccet e o Simioni do grupo Lume, de Campinas.
E o método de busca pelo Palhaço pessoal que eles abordam, foi importado pelo Burnier que teve contato direto com um grande mestre chamado Jacques le Coq, discípulo de Copeau, contemporâneo de Decroux e Marcel Marceau... E que foi formador de outros grandes mestres como o próprio Luís Otávio Burnier, Phillipe Gaulier, Claude Evard, Phillipe Avron, Alberto Vidal, Ariane Mnouchkine, Steven Berkoff, entre outros.
Hoje ouvimos falar sobre o trabalho do Palhaço ou clown, do bufão, das máscaras, do Circo Novo, da Mímica Contemporânea e do Teatro Físico, graças a Jacques Lecoq Também.
Além desta linhagem onde o Palhaço nasce no laboratório com a consciência destes estudiosos e com a potencialidade da mímica e do teatro Físico, aqui em Salvador, estudamos a muitos anos os números clássicos de Palhaços de Circo.
O que vem nos servindo para amadurecer nossa comicidade e nos conectar com a alma essencial dos mestres tradicionais. Pois Palhaço aprende vendo outros Palhaços e fazendo junto com outros Palhaços!
E também pra quando contratados por uma festa de aniversario começarmos a mostrar que o palhaço não é animador de festa! Nada contra a recreação.
Não sei fazer animação, é bem difícil. Porem os recreadores se vestem com o estereótipo do Palhaço que o circo americano implantou, com aquela máscara branca, aquele exagero , cores fortes e roupas supersaturadas de informação...E apresentando nas festinhas nossos números de circo, estamos conseguindo mudar a visão das pessoas sobre o que é palhaço de verdade!
Pasmem Amigos Teatrais... Nós Palhaços temos que ir a festas de aniversário. Pra sobreviver e pra aprender a ser humilde e exercer a função com estratégia e flexibilidade. Pois é um ambiente muito difícil de lidar, mas muito gratificante !
Quando ao invés dos adultos ficarem bebendo e nós nos tornarmos babas dos filhos deles, conseguimos unir a festa toda, geramos uma grande comunhão em que os pais do aniversariante viram crianças com seus filhos contemplando esta arte antiga.
Porem tenho muitos colegas atores que não continuaram com a pesquisa do palhaço justamente por não conseguirem se permitir serem levados a estes ambientes como a Rua e as festinhas de criança.
Nosso treinamento é neste campo de batalha. Bate onda no Ego!!!! Muitos destes colegas já eram famosos quando me procuraram... E porque não nos submetemos a isto? Não queremos sobreviver?
Assim peço que nos questionemos mesmo: Somos superiores a quem???
Sei que há Palhaços e palhaços. Assim como Atores e atores... Diretores e diretores... E também que há Palhaços que sentem que são superiores ao teatro e vice versa!
Todos iremos morrer. O palhaço é a arte da derrota. Do rir de sí por saber que durante a vida só iremos perder...
Perderemos nossos dentes, perderemos o tônus muscular, nossos cabelos, nossos entes queridos, e um dia perderemos a oportunidade de estar aqui! Logo. ao contrario do que o ego gostaria de fazer, se enclausurando e defendendo suas conquistas seriamente...
O Palhaço é aquele que reflete estes desastres, estas idiotices, este ridículo e estas derrotas... Mas com o fundamento de convidar a todos os demais a rirem com ele de sua própria falha trágica!
Não Minto!
Sou apaixonado pelas duas artes...aliás por muitas...só não todas.
O Teatro quando usado pra se conhecer e melhorar o ambiente social é Magia Pura Viva. E o Palhaço só acrescenta ao Teatro. E o Teatro só acrescenta ao Palhaço.
O que tenho que aprender a compreender e aceitar melhor é quando a arte se volta para o próprio deleite estético apenas....para o próprio umbigo!
Admito que minha escolha pessoal não é estabelecer um novo estilo. Até porque trabalho com uma arte muito antiga.
Enquanto em massa em todo o Brasil a classe artística reivindica seus direitos, quero antes poder exercer o meu Dever. Acredito que o dever vem antes do Direito.
Devemos ser criativos!!!
Logo quero contribuir a esta Arte Palhaçal para que se enraíze sim, pra sempre!
Em nossa sociedade. Em nossa cidade, em nossa Cultura e Conhecimento! Estas ladainhas não irão nos intimidar....
O palhaço orgânico e essencial quase se extinguiu.
Por gratidão a esta arte exerço A Função!!!! E hoje está resgatado e requalificado ! Pois foi o Palhaço que amadureceu meu teatro...E geralmente só queremos extrair da arte...nossa sobrevivência, nosso reconhecimento, nossa potencia, nosso conhecimento...
E o que daremos em troca? Como contribuiremos para a arte em sí ?!
Não só para a classe artística, ou para a comunidade carente, ou para a universidade...
Como, por gratidão, iremos pagar esta dívida maravilhosa, por ser concedido a nós artistas a oportunidade de trabalhar com nosso talento?
Se tem gente passando fome, e em meio as guerras. Ou atendendo telefone e reclamações em um escritório. Pra mim foi concedido o privilégio de ser Artista e não ter muitas rotinas. Não que minha vida seja melhor que a de ninguém....Mas porque fui contemplado com a
Função de restaurar a magia, a reflexão, o conhecimento, a emoção e os sentimentos nas audições... E aliviar ou ajudar a transformara vida destes que estão em situações mais desconfortáveis.
Por favor não dificultem nosso trabalho!!! Não dificultaremos o de vocês
Tenhamos paciência... a fase infantiloide de um palhaço,passa rápido...
E depois quando esta classe amadurece, a subversão e a liberdade artística destes samurais podem sim surpreender os meios em que vivem com ideologias profundas e reversões de paradigmas.
A verdade, a honestidade e a simplicidade inerentes a esta Função são de arrepiar até os cabelos do períneo
Os palhaços velhos chamam o seu trabalho de Função!!! é um serviço prestado a humanidade e a classe artística...
E ao contrario do que se pode pensar, é uma arte naturalista brechiniana boalesca..Beckett, Chaplim, Feline e tantos Grandes outros se inspiraram nesta arte fundamental ! Apesar de não ter estudado na faculdade, i eu sei disso por que me informei!!! Hshshshs
Por esta mistura é bom tomar cuidado. a arte do palhaço é um terrorismo artístico...simmmm
Incomoda mesmo! Não viemos ser engraçadinhos...
A honestidade, a realidade e a verdade são mais atraentes como pontes para uma relação autêntica com o público.Como diz o titulo do espetáculo do Chacovachi, um grande maestro dos palhaços de rua:
- Atenção! um palhaço mal pode atravessar o teu caminho!!!
O homem teme o que não conhece...mas no seu intimo é eternamente atraido por este desconhecido. Este é o fluxo para a inteligência...
De qualquer forma amigos... o Palhaço está aí.E veio pra ficar.
E está vingado!
Agora posso partir
... e deixo a galinha pulando... a batata quente....
Uma pedra... quero dizer 3 dúzias de pedras... ou de Palhaços ...
no meio do teu caminho...
Vamos Evoluir!
Vamos nos atualizar!!!
não direi que estão errados por nos rejeitarem... é uma boa provocação!!!!
Um grande mestre Palhaço e Bufão me disse uma vez que se encontrarmos alguém que nos da a impressão de estar equivocado em seu caminho, Não devemos dizer: -Ei! Isto está errado!
"Subiremos a mesma montanha em direção ao pico, e ninguém sabe se nos atrasaremos no caminho ou se aquele que parece não estar certo irá encontrar um atalho. Nestas horas só há uma coisa a comentar com tais pessoas: -Nos encontraremos lá em Cima !!! " - Jango Edward. - Palhaço
As palavras deste manifesto são da opinião pessoal, vivencial e coraçal de Alexandre Luis Casali.
Um Palhaço " nem dos bom, nem dos ruim". Pois Palhaço é como vinho, vai ficando bom quando envelhece
Já tenho meus cabelos prateados e por isso concluo porr fim assumindo aqui todos os erros desta escrita: ortografia, conjugação, monografia, redundância, ignorancia, faceboockancia, orkutancia ,e entre outros, a expressão do próprio manifesto. E aceito que tudo isso é uma boa oportunidade para refletirmos juntos sobre a impotência que temos diante do que só o tempo vai poder unir e fazer florir!
Vida longa ao Palhaço!
Vida longa ao Teatro!
Sou Alexandre Luis Casali, O Biancorino e falei!!!!!

Chaplin

"Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.Teus passos ficaram.

Olhes para trás ... mas vá em frente, pois há muitos que precisam que chegues, para poderem seguir-te."



CHARLES CHAPLIN